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– Março de 2002
8……………………Dia Internacional da Mulher ‘TENHA
ATÉ PESADELOS. MAS SONHE’
Um anjo anárquico que veio ao mundo para nos inquietar: assim o dramaturgo Plínio Marcos definiu Pagu, uma das grandes vozes da vanguarda de seu tempo. Bonita e inteligente, a jornalista Patrícia Rehder Galvão (1907-1962) nasceu em São João da Boa Vista, interior de São Paulo. Com 18 anos, é apresentada ao grupo modernista, comandado por Oswald de Andrade. Participa do movimento antropofágico, defende a libertação sexual da mulher e a busca por sua auto-suficiência amorosa. “O mais autêntico símbolo feminino da ousadia e inconformismo artístico e cultural de seu tempo”, diria Oswald de Andrade sobre Pagu, que substituiu a pintora Tarsila do Amaral em seu coração. Casam em 1930 e engajam-se na luta revolucionária, filiando-se ao Partido Comunista. O casal edita o jornal panfletário O Homem do Povo. Pagu assina a coluna A Mulher do Povo. Critica o comportamento das elites e convida a mulher à luta, ao trabalho, ao mundo. Participa, em 1931, do comício de estivadores em Santos. Acaba presa. Libertada, é obrigada pelo Partido a declarar-se “agitadora individual, sensacionalista e inexperiente”. Gera rebuliço ao publicar Parque Industrial, em 1933. Com o pseudônimo de Mara Lobo, denuncia a sobrecarga emocional e física da paulistana de subúrbio, porque tem de trabalhar, ser amante e mãe. Atacada pela imprensa, viaja pelo mundo. EUA, Japão, China, Rússia, França, de onde envia correspondência para jornais do Rio e São Paulo. Em Paris, estuda na universidade de Sorbonne, mas acaba presa como comunista e volta ao Brasil. Sob o Estado Novo de Getúlio Vargas, é novamente presa em 1935. Sofre torturas durante quatro anos e meio. Em liberdade, une-se ao jornalista e escritor Geraldo Ferraz, com quem tem o segundo filho e permanece até o fim da vida. Desiludida com a esquerda, dedica-se à
literatura, à tradução e à crítica
de teatro. Em parceria com Ferraz, publica o romance A Famosa
Revista, em 1945. Faz ainda uma tentativa de resgatar sua militância
política. Candidata-se pelo Partido Socialista Brasileiro
a deputada estadual, mas não é eleita. Dedicou os
últimos anos de vida trabalhando pela cultura. Escreveu: |