Em 1910, oficiais liderados por João Cândido sacudiram o País, reivindicando o fim dos castigos físicos na Marinha. Depois de longas e tensas negociações, a Revolta da Chibata foi reprimida; e os rebeldes, presos. Porém, a imagem de João Cândido – o Almirante Negro, nos dizeres da imprensa – seguiu viva. Teve até quem planejasse transportar a história do marinheiro para as luzes do cinema.
O documentário A Vida de João Cândido, do diretor Alberto Botelho, começou a ser produzido em 1910 e foi finalizado em 1912. Mas nunca foi exibido. Em 22 de janeiro de 1912, o chefe da polícia do Rio, Belizário Fernandes da Silva Távora, proibiu a estreia. “Se não fizesse o que fez, talvez a esta hora o Rio em peso estivesse revolucionado”, defendeu o Correio da Manhã. Tido hoje como desaparecido, o curta-metragem foi o primeiro filme brasileiro a cair nas garras da censura.
Por Bruno Hoffmann