Em 1944, um grupo teatral de atores negros, comandado pelo dramaturgo Abdias do Nascimento, é criado no Rio de Janeiro. Inicialmente, o Teatro Experimental do Negro (TEN) apenas colabora com a peça Palmares, do Teatro do Estudante do Brasil. Em pouco tempo, porém, começa a trilhar caminho próprio. Mas logo os artistas se dão conta da ausência de textos que retratassem as questões do povo negro. Decidem, então, criar as próprias peças, originais, modernas e, sobretudo, ideológicas.
Outros atores são selecionados, entre empregadas domésticas, operários e moradores de favelas. Além de teatro, o TEN passa a alfabetizar os alunos, já que muitos dos novos atores nunca haviam frequentado a escola.
Abdias do Nascimento não se importava com o pouco apelo comercial das peças que produzia. Tanto que o grupo nunca se profissionalizou. Foram encenadas cerca de 10 peças, boa parte no Theatro Municipal do Rio de Janeiro. Mas as atividades não se limitavam às artes cênicas. Foram criados concursos de beleza para mulheres negras e até uma exposição de artes plásticas sobre o tema Cristo Negro.
O grupo também promoveu convenções para discutir as questões raciais e, em 1950, o 1o Congresso do Negro Brasileiro, e editou o jornal Quilombo. Os ideais de Abdias incentivaram iniciativas semelhantes, como o grupo homônimo paulistano, criado pelo dramaturgo Geraldo Campos de Oliveira. O TEN encerrou as atividades em 1961. Abdias morreu em 2011.