VENCEU DE LAVADA
Piquete da Bunda Molhada: muita água, nenhum jornal
Pelo menos dois salários mínimos por mês. Era essa a exigência dos jornalistas de São Paulo quando fizeram a primeira greve da categoria, nos anos 1960. Após um dia de paralisação, o sucesso da mobilização dependia de que os jornais, improvisados pelos chefes, não chegassem às bancas. Na madrugada de 1° de dezembro de 1961, grupos fizeram piquete no portão das empresas para impedir que os carregamentos saíssem.
Jornalistas postados diante dos Diários Associados viveram o episódio mais marcante da greve. Avistaram um tanque da polícia e entoaram juntos: “Ouviram do Ipiranga…”. O brucutu molhava homens e mulheres para dispersar e desmoralizar os manifestantes. Os jatos de água ficavam cada vez mais fortes e doíam nos corpos, já colados na roupa encharcada. O Piquete da Bunda Molhada, como ficou conhecido, amanheceu vitorioso. Entre notas do hino balbuciadas, lágrimas de comoção e dor, jornal nenhum saiu. Quatro dias depois o Ministério do Trabalho sentenciava a favor dos jornalistas.
Saiba Mais
História da Imprensa no Brasil, de Nelson Werneck Sodré (Martins Fontes, 1983).
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